domingo, 29 de julho de 2012


  LITERATURA
Mesmo sendo caracterizada por valores individuais, a Cultura Obscura abriga diversas manifestações artísticas comuns a outras culturas. A Literatura é uma das expressões mais utilizadas. É através da composição poética, por exemplo, que se confrontam os temores e se revelam os mais profundos sentimentos e desejos da alma. É, também na literatura, que se encontra uma definição estética e ideológica sobre os vários aspectos que compõem a cultura obscura.
Mais precisamente, podemos citar o Romantismo como a principal referência da Cultura Obscura. Surgido no final do século XVIII, como uma reação aos ideais Iluministas, o Romantismo traz como principais características a potencialização das emoções. Além do individualismo e subjetivismo desenvolvidos a partir da liberdade criativa. O Romantismo Literário, que evocava a Idade Média sob uma perspectiva idealizada e positivista em seus temas, é uma das bases da Literatura, quando relacionada à Cultura Obscura.
Já o autor inglês Horace Walpole abordou a Idade Média diferentemente da "idealização medieval positivista" de outros românticos. O fez sob uma perspectiva soturna, com ambientações em castelos e ruínas que atribuíam um clima de mistério e terror sobrenatural. Sua obra, O Castelo de Otranto, de 1764, é considerada a precursora do que viria a ser classificado como Gothic Novel. No Brasil, conhecido como Romance Gótico ou Literatura Gótica. Neste caso, o termo "Gothic" é aplicado como sinônimo de obscuro ou medieval.
No Brasil, o Romantismo iniciou-se "oficialmente" em 1836, com a obra de Gonçalves de Magalhães, Suspiros poéticos e saudades. Dentre as três gerações românticas brasileiras, o Ultra-romantismo é que tem maior expressividade na Cultura Obscura.
Influenciado diretamente pela Gothic Novel, o ultra-romantismo teve como principais características a evasão, tédio, morbidez, subjetivismo, saudosismo, predileção pelo noturno e a forma e composição livre dos versos. O escritor paulista Álvares de Azevedo, ávido leitor de Byron, surgiu como poeta e contista no ano de 1848 e é considerado um dos maiores autores ultra-românticos do país. Além dele, outros nomes como Casimiro de Abreu, Bernardo Guimarães, Junqueira Freire, entre outros, destacam-se como grandes expoentes do ultra-romantismo, que também ficou conhecido pejorativamente, como mal-do-século.
Autores como Allan Poe, Lord Byron, Lovecraft, Baudelaire e Álvares de Azevedo são amplamente consumidos entre os apreciadores da Cultura Obscura. Assim, mesmo havendo um conceito de que, geralmente, a Literatura Gótica é baseada na prosa, enquanto o ultra-romantismo está fundamentado na poesia, a cultura obscura é suficientemente ampla para abrigar ambos estilos de composição, e ainda absorver outros gêneros que possam refletir sua alma e personalidade.




http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/literatura_gotica.htm


               Poesia é forma de expressão literária que surgiu simultaneamente com a Música, a Dança e o Teatro, em época que remonta à Antiguidade histórica. Na própria fala - fruto da necessidade de comunicação entre elementos de uma comunidade primitiva - estão as raízes poéticas. Sabe-se que a comunicação imediata entre duas pessoas se dá pela palavra e pelo gesto, que estão tanto mais intimamente ligados quanto mais primitivo for o grupo. O gesto complementa sempre a fala, na proporção em que esta é limitada em sua inteligibilidade. Assim é que os gestos foram marcando o tom e o ritmo das palavras, até a caracterização individual dos primeiros contadores de seus feitos (caçadas) e dos feitos de sua tribo (guerras). A saliência cada vez maior do indivíduo que contava sobre a comunidade que o ouvia, acarretou a procura de fins artísticos em relação narrativa. (*)


                O primeiro valor artístico destacável das narrativas primitivas foi o ritmo, a música da palavra já cantada ou simlesmente articulada. E até nas revoluções mais radicais das formas poéticas o ritmo continua a ser o elemento-chave da expressão. É certo que a motivação rítmica varia entre o passado e o presente, como também sua perspectiva imediata: a fonética. Com o desenvolvimento cultural, os aspectos primários do ritmo e do som começaram a adquirir cores intelectuais, indivíduos que pensavam não mais em função estrita dos problemas da comunidade. Novas sugestões rítmicas foram aparecendo e permitindo à narrativa constituir-se em formas fixas.(*)



                  Essência da Poesia - Ensaístas e filósofos já se preocupavam então com a essência da poesia, numa tentativa de desligá-la da matriz onde fermentara com outras expressões, que também foram conquistando autonomia e passando, por características afins, à qualidade de gêneros. A poesia, ligada à estrutura da narrativa, é a expressão artística que mais discussões tem suscitado em relação à sua essência.



                    Platão, relativamente próximo às formas primitivas, classificou-a entre as artes representativas, ou artes plásticas, ao lado da dança e do teatro. Entre o filósofo grego e os modernos estudos da ensaísta norte-americana Susanne Langer há uma longa escala interpretativa. Para ela, a poesia não é mais representativa, pois desvinculou-se da preocupação de imitar a natureza. O inglês Herbert Read chega a conclusões semelhantes, quando estabelece a diferença entre poesia e prosa: "Na prosa, as palavras implicam, geralmente, a análise de um estado mental, ao passo que na poesia as palavras aparecem como coisas objetivas, que mantêm uma definida equivalência com o estado de intensidade mental do poeta." (*)



           O filósofo alemão Heidegger, ao procurar a essência da poesia em Holderlin, não afastou a possibilidade de ser ela conceitual e, ao mesmo tempo, lírica. De fato, é constante poética através dos tempos, o aspecto lírico, presente, inclusive, na obra dos grandes épicos, como em Homero, nas cenas de amor de Circe ou como em Camões, nas cenas do Adamastor e de Inês de Castro (Os Lusíadas). Por outro lado, Goethe sempre considerou a poesia como impossível de ser analisada, por se tratar de algo demoníaco.



          Um ensaísta brasileiro, Júlio Braga, procurou também situar a essência poética no trabalho Conceituação Dual do Conhecimento, em capítulo que leva o subtítulo de "Conceituação Dual da Linguagem". Para ele, a poesia é uma arte gráfica, assentada num suporte neutro. Ao dividir todas as expressões artísticas em gráficas e poéticas, salienta a natureza dual dessa divisão e conclui: "Uma vez descoberta a essência da linguagem gráfica, ela reencontra seu instrumento autêntico, a palavra, com toda a sua extensão para o logos: verbal, escrita, visual, mímica, prática, filosófica, épica, dramática, coreográfica, mitogênica, cosmogônica, etc". Esses são os veículos preferenciais da linguagem gráfica, como diria o escritor, incluindo assim toda forma poética conhecida até agora. Julio Braga, entretanto, não está sozinho em seu ponto de vista, quando pensa na Música como a única expressão poética autêntica. É ainda Susanne Langer que, estudando os signos e símbolos, situa os limites últimos da experiência muito além da teoria uma vez que "as coisas inacessíveis à linguagem podem possuir suas formas específicas de concepção, ou melhor: suas formas não discursivas, cumuladas com possibilidades lógicas de significados, fundamentam a significação da música". Mais adiante cita Walter Pater: "Todas as artes aspiram à condição de música."(1) Fonte: "Enciclopédia Delta Universal, vol. 12, editora Delta S.A. Rio de Janeiro, Brasil, 1982,pg 6500-6505. "

CONSTRUÇÃO



PERDA
REBENTOS
CIMENTOS MOLHADOS
MENTE INERTE
PEDRA
SENTIMENTOS
CORAÇÃO SANGRENTO
PERCA
PEDRA
MENTE INERTE
SENTIMENTOS
CORAÇÃO SANGRENTO

FÁTIMA VIANA